Foste ficando
Abeiraste-te de mansinho pela janela entreaberta
deste coração quieto ainda com uma réstia de luz
senti-te por lá em passos de silêncio confidente...
foste ficando...
na bruma terna em vigia de fendas antigas
na procura de um sorriso ainda que ténue
através delas
foste ficando...assim mesmo
nos destroços amontoados de afectos desvividos...
olhei-te deste rosto consumido de esperar
alheio a sonhos a lembranças...
senti pétalas que trago em mim e perfumes
esvoaçar timidamente no teu olhar...
passeei-te neste jardim sombrio de desejo
de gritos suspensos
de dias sem cor sem girassóis
na penumbra a colorir de sonhos atrasados... pensados já desbotados pelo que julgávamos Tempo
Tempo de naufrágios...de tempestades...
de quietude que dói...
e fomos ficando... assim mesmo
nesta viagem traçada em mapa sem tempo sem idade
num vaguear lado a lado
num caminho sem tristeza
sem medo e...
reinventamos sensações no olhar que reconhecemos...
Dá-me a tua mão
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Estou de volta
Estou de volta
de volta com saudades de todos os que encontrei neste mar de muitas marés...
de todas as pegadas que deixei nesta areia...
com ânsia de reencontrar os sorrisos...os mimos...os afagos...
porque foi tudo isto que encontrei aqui
tudo isto recebi de vós
e muito mais...tanto que no emaranhado das saudades não vislumbro as palavras...
as palavras que fizeram deste canto
o meu mar
o meu céu
o meu Outono na longura do tempo
o meu canteiro florido em primaveras doces
Estou de volta
neste verão...a este mar de barco feito às ondas
ao brilho intenso do sal
desencostada do passado...
aos olhos que perpetuam nos meus
Estou de volta!